Falar uma língua estrangeira pode ser uma aventura cheia de desafios e, claro, momentos constrangedores. Mesmo para os mais fluentes, os micos estão sempre à espreita. Neste conteúdo, vou compartilhar com você os três micos que paguei falando francês.
Porque, vamos ser sinceros, rir de nossos próprios erros é parte fundamental do processo de aprendizado, não é mesmo? 😅
Antes de começar, vale contar um pouco sobre mim. Me chamo Roberta, sou brasileira e uma das fundadoras do Afrancesados. Aprendi francês do zero e hoje sou fluente, mas antes de conquistar a fluência, paguei alguns micos na França e vou dividi-los com você.
C’est parti ? Allons-y !
Primeiro mico: usar “essayer” no contexto errado
Quando cheguei à França para um intercâmbio universitário em Lille, em 2010, estava encantada com os deliciosos queijos franceses. Porém, ao tentar pedir para experimentar um queijo em uma loja, cometi um erro que virou motivo de risadas.
Ao invés de usar a forma educada de fazer o pedido, acabei dizendo algo que soou autoritário e completamente fora de contexto. Eu disse o seguinte:
❌ “Je veux “essayer” ce fromage , s’il vous plaît.”
Se a gente traduzir de forma literal essa frase seria assim “Eu quero experimentar esse queijo, por favor.” Então, o que tem de errado na frase que eu disse?
Está errado porque a palavra “essayer” não é utilizada para comida e também eu utilizei “je veux” (eu quero), que soa autoritário, principalmente quando você não conhece a outra pessoa.
✅ O certo seria: “Je voudrais goûter ce fromage, s’il vous plaît”.
O “je voudrais” significa “eu gostaria de…”, sendo assim uma forma mais educada de pedir algo. Neste caso, o certo seria usar “goûter”, porque significa “experimentar através do paladar”. A palavra “essayer” é utilizada para experimentar roupas.
Quando isso aconteceu, as pessoas que estavam ao meu redor riram do erro e fiquei com tanta raiva que fui embora sem provar o queijo e sem entender o porquê do riso. Depois perguntei ao Emil e entendi. A lição que aprendi? Às vezes, é melhor não nos levarmos tão a sério e estarmos abertos para correções com bom humor.
Leia também: 3 coisas que você não deve fazer ao aprender francês
Segundo mico: desconhecer expressões com sentido coloquial
Então, vamos para mais um mico que paguei falando francês. Em uma conversa com o Emil, minha cunhada e minha sogra, tentei descrever que tinha visto marcas de tiros em algum lugar e acabei usando uma expressão que, ao invés de transmitir o que eu queria, causou risadas e confusão.
❌ Eu disse: “J’ai vu des “trous de balles”
Mas “trous de bala”, que literalmente significa “buracos de bala”, na verdade, tem conotações bastante diferentes na linguagem coloquial francesa. Existem dois significados para essa expressão:
- Se referir ao ânus de uma forma bem grosseira;
- Dizer que alguém é idiota ou imbecil.
Então, como seria a maneira correta de dizer em francês que viu “buracos de bala” em um determinado lugar?
✅ “J’ai vu des impacts de balles”
Além de aprender uma nova expressão em francês, essa situação também foi uma lição valiosa sobre as armadilhas da linguagem informal.
Aprenda mais: diferenças entre o francês formal e informal
Terceiro mico: compreensão e construção errada de frases
Vou finalizar essa lista de micos que paguei falando francês com chave de ouro. Há muitos anos, Emil e eu havíamos marcado de ir ao cinema, mas em cima da hora ele quis desmarcar o encontro. No dia seguinte, ele me ligou e fez a seguinte pergunta: “Tu m’en veux ?”.
Ao ouvir essa pergunta, entendi que ele estava perguntando se eu ainda “queria ele”, ou seja, se gostaria de continuar falando com ele. Então, como eu estava chateada, respondi “non, je ne te veux pas”. Que, na minha cabeça, queria dizer “não, eu não te quero”.
Nenhum dos significados que dei às frases estavam certos. Na verdade, o certo seria:
✅ “Tu m’en veux ?”. (Você está chateada comigo?)
✅ “Oui, je t’en veux” (Sim, eu estou chateada)
Foi mais um mico que paguei falando francês e nunca esqueci. Decidi falar aqui justamente para dar risada com você e para mostrar também que não tem nada demais cometer um erro, pagar um mico, ou uma pessoa achar graça no que você falou. Porque isso faz parte do aprendizado e quanto mais a gente leva isso de boa, de forma leve, mais a gente aprende.
Fazendo isso, ficamos abertos para as correções e as novidades que as pessoas vão falar para a gente. Não se leve tão a sério! Errar faz parte do processo e ninguém está livre de erros, muito menos para quem está aprendendo. Aprender é o oposto de ser perfeito.
Quer mais detalhes de como foram esses micos que paguei falando em francês? Gravei um vídeo contando cada um deles, clique na imagem a seguir e confira:
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Je suis Roberta, brasileira, fluente em francês e moro na França há quase 15 anos. Para saber mais sobre mim, clique aqui.