Se você quer aprender francês e se tornar fluente um dia, talvez já tenha se perguntado se o que é ensinado nos cursos e escolas tradicionais é suficiente para realmente se comunicar com um nativo. Será que o idioma ensinado é realmente o Francês da vida real®?.
Antes de qualquer coisa, já podemos afirmar que não, o francês ensinado de forma tradicional não é o que é realmente falado pelos franceses. Na mesma forma que no português, no dia a dia, o idioma falado não tem nada a ver com o que é apresentado nos livros de gramática.
Para te ajudar a entender melhor essa diferença, preparamos este conteúdo bem prático, com uma explicação sobre o assunto e também exemplos do Francês da vida real®.
C’est parti ? Allons-y !
Francês escolar x Francês da vida real
Antes de mostrarmos alguns exemplos, é importante entender o porquê dessas diferenças. Para ilustrar isso, vale contarmos a história da Roberta (brasileira), uma das criadoras do Afrancesados, que estudou três anos em escolas tradicionais e, ao chegar pela primeira vez na França, passou muito sufoco para se comunicar.
Roberta conta que mal conseguia entender o que os franceses estavam dizendo e muito menos formar frases coerentes em francês.. Diversas vezes, recebia olhares estranhos ou sorrisos “sem graça” quando tentava se comunicar.
Isso aconteceu com ela e pode acontecer com muitas pessoas, porque, como já dissemos, o que se aprende na escola é um francês artificial, engessado e distante do que os franceses usam no dia a dia.
O Francês da vida real® é o que os nativos falam, ouvem na rádio, assistem na televisão, nas redes sociais e usam em suas conversas cotidianas. É uma linguagem mais simples e natural que não segue de forma tão rígida as estruturas gramaticais e nem decorebas de regras.
Confira a seguir alguns exemplos.
1. “Ne” cortado
Na escola tradicional, é normal aprender a dizer “je ne sais pas” para dizer “não sei”. Mas, na vida real, os franceses tiram o “ne” e dizem simplesmente “je sais pas“. Essa maneira é informal e bem comum em conversas do dia a dia.
Você ainda pode dizer: “j’sais pas”, ou “ché pas”.
2. “Tu” cortado
Outro exemplo, é na frase “tu as faim ?”. Ela quer dizer “você está com fome?”. Essa estrutura é como as pessoas aprendem na escola, mas no dia a dia os francês dizem “t’as faim ?”.
Ou seja, eles cortam o “tu” e deixam a frase mais curta e direta na hora de perguntar se a pessoa está com fome.
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3. Nous e On
Para exemplificarmos esse exemplo, leia a frase a seguir:
- Nous nous retrouverons plus tard (Nos encontraremos mais tarde)
Essa não é a estrutura que os franceses usam no dia a dia. No francês da vida real®, essa frase ficaria assim:
- On se retrouve plus tard. (A gente se encontra mais tarde)
Essa diferença acontece, porque na escola aprendemos a usar o futuro para indicar ações futuras. Mas, no cotidiano, os franceses usam o presente para expressar o futuro. Além disso, o “on” (equivalente a “a gente” em português) aparece muito na linguagem falada em francês.
4. Mania do “contrário”
Para dizer algo positivo, os franceses têm a mania de usar a negação como contrário. Como assim? Por exemplo, em vez de dizer “c’est bien” (está bom), eles podem dizer “c’est pas mal” (não está ruim), o que na verdade significa que algo está muito bom.
Confira outro exemplo, com a tradução literal para o português:
🔹Francês da escola – Le film était très bien. (O filme foi muito bom.)
🔹Francês da vida real® – Le film était pas mal. (O filme não foi nada mal.)
Vale dizer que quando os franceses usam essa estrutura, não é porque algo estava perto de ruim, mas sim que ele realmente estava bom. Inclusive, é muito comum as pessoas acharem que os franceses são chatos por terem a mania de fazer essa “negação ao contrário”
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Outro exemplo para ilustrar essa diferença vem de uma história que aconteceu com a Roberta (brasileira) e o Emil (francês). Há uns anos atrás, na França, a Roberta preparou uma feijoada para o Emil e ao perguntar o que ele estava achando, a resposta dele foi a seguinte:
– C’est pas dégueulasse. (Não tá nojento.)
Imagine a reação dela ao ouvir isso! Mas quando os franceses dizem isso, é porque a comida está muito boa. Mesmo que para os brasileiros essa forma de dizer seja bem diferente. 😅
Os franceses também pode encurtar essa frase e dizer:
– C’est pas dégueu
– C’est pas dég
💡Criadores do Afrancesados: conheça quem são Roberta e Emil
Como essa “mania do contrário” é algo que costuma causar confusão, para quem está aprendendo francês, vamos mostrar outros exemplos.
Para dizer que algo é muito caro, na escola aprendemos assim:
- C’est très cher. (Isso é muito caro.)
No dia a dia, os franceses até usam essa estrutura, mas a mais comum é a seguir:
- C’est pas donné. (Isso não é dado.)
Outra maneira bem frequente para mostrar essa diferença entre o Francês da vida real® e o ensinado na escola, é quando os franceses querem dizer que algo é difícil. Para isso, eles dizem:
- C’est pas facile. (Isso não tá fácil.)
Quando os franceses querem dizer que algo está ruim, eles também usam a forma contrária. Confira no exemplo:
🔹Francês da escola – C’est mauvais. (Está ruim.)
🔹Francês da vida real® – C’est pas top. (Não está bom.)
Expressão pouco usada no Francês da vida real®
Na escola tradicional, é comum aprender a expressão “n’est-ce pas”, que seria uma forma de perguntar “não é verdade?” ou “não é mesmo?” Mas, na prática, os franceses não costumam usar essa expressão. Em vez disso, eles simplesmente dizem “non” para indicar que algo não é verdade ou não concordam com você.
Confira no exemplo:
🔹Francês da escola – C’est trés bien, n’est-ce pas ? (Está muito bem, não é mesmo?)
🔹Francês da vida real® – C’est pas mal, non ? (Não está mal, não é?)
Antes de finalizarmos, confira mais uma expressão pouco usada pelos franceses.
Por exemplo, se você tirar uma foto e um francês quiser ver a foto, ele provavelmente não vai dizer “montre-moi” (me mostre), mas sim “fais voir” (faça-me ver)
Estas são apenas algumas das diferenças que você pode encontrar entre o francês ensinado na escola e o francês da vida real® . Para realmente dominar o francês falado pelos nativos, é importante se aprofundar no idioma usado no dia a dia e não focar só em gravar regras gramaticais.
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