
O movimento feminista na França teve momentos muito marcantes. Isso porque a França é conhecida por seu papel fundamental em muitos movimentos sociais, e o feminismo é certamente um dos mais lembrados.
Ao longo da história, as mulheres francesas lutaram por direitos e igualdade, deixando um legado importante não só para o país, mas para o mundo. Neste conteúdo, você vai mergulhar na cultura francesa e descobrir cinco momentos marcantes do movimento feminista na França que ajudaram a moldar a sociedade como a conhecemos hoje.
C’est parti ? Allons-y !
1. Olympe de Gouges e a declaração dos direitos da mulher (1791)
Um dos primeiros momentos importantes do feminismo francês aconteceu durante a Revolução Francesa, com a figura de Olympe de Gouges. Em 1791, ela escreveu a Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne (Declaração dos direitos da mulher e da cidadã), um documento que exigia a inclusão das mulheres nos direitos que estavam sendo conquistados pelos homens na Revolução.
Olympe de Gouges questionava a “Declaração dos direitos do homem e do cidadão”, que excluía as mulheres, e fez um apelo pela igualdade jurídica e política entre homens e mulheres. Gouges também defendia outras causas progressistas, como a abolição da escravidão.
Seu feminismo foi considerado radical e subversivo para a época e o ativismo desafiador não foi bem recebido pelos líderes revolucionários. Infelizmente, com isso, ela foi executada na guilhotina em 1793. Embora suas ideias tenham sido sufocadas na época, seu legado influencia novas gerações de feministas até hoje.
2. O direito ao voto feminino (1944)
Apesar das mulheres francesas terem sido politicamente ativas durante a Revolução Francesa e até mesmo nos movimentos socialistas do século XIX, o direito ao voto só foi garantido em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Curiosamente, a França foi um dos últimos países da Europa Ocidental a conceder esse direito. No entanto, a participação ativa das mulheres na Resistência Francesa durante a ocupação nazista deu um impulso decisivo à luta por igualdade política.
O decreto que concedeu o direito ao voto foi assinado pelo governo provisório do general Charles de Gaulle. As mulheres votaram pela primeira vez nas eleições municipais de abril de 1945, e, nas eleições legislativas de outubro do mesmo ano, 33 mulheres foram eleitas deputadas para a Assembleia Nacional.
💡Curiosidade: Em 1949, Simone Beauvoir lançou o livro “O segundo sexo,” uma obra fundamental para o movimento feminista francês e em todo o mundo.
3. O movimento de Maio de 1968
O movimento de Maio de 1968 foi um período de intensos protestos sociais na França, marcado por uma combinação de revoltas estudantis, greves trabalhistas e desafios ao status quo.
Embora tenha começado como uma revolta estudantil, o movimento rapidamente se transformou em uma contestação mais ampla das estruturas sociais e políticas da época. Foi também um momento crucial para o feminismo na França, que ganhou maior visibilidade no contexto das demandas por liberdades individuais.
As feministas aproveitaram da atmosfera de mudança para pressionar por mais direitos, como a igualdade no trabalho, controle sobre o próprio corpo, e o fim da dominação patriarcal. Grupos feministas como o Mouvement de Libération des Femmes (MLF) foram formados pouco depois, e o movimento de 68 é amplamente considerado o ponto de partida para a segunda onda do movimento feminista na França.
4. A legalização do aborto (1975)
Um dos maiores marcos do movimento feminista francês foi a legalização do aborto em 1975. Até então, o aborto era proibido e muitas vezes realizado de forma clandestina, colocando em risco a saúde e a vida das mulheres. A lei que legalizou a interrupção voluntária da gravidez é conhecida como “Loi Veil”, em homenagem a Simone Veil, então Ministra da Saúde, que foi responsável por defendê-la em meio a forte resistência social e política.
(Simone Veil, Ministra da Saúde do governo Giscard-Chirac, durante seu discurso histórico pelo direito ao aborto na França em 26 de novembro de 1974. AFP)
O discurso de Simone Veil no parlamento francês foi poderoso e comovente, destacando os horrores das práticas clandestinas e a necessidade de garantir às mulheres o direito de decidir sobre seus próprios corpos.
A “Loi Veil” permitiu o aborto nas primeiras 10 semanas de gestação, desde que a mulher passasse por um período de reflexão. A aprovação desta lei foi uma vitória significativa para saúde das mulheres e o movimento feminista na França.
Em março de 2024, a França foi o primeiro país no mundo a inserir a IVG – interruption volontaire de grossesse (Interrupção voluntária da gravidez) na sua Constituição, reafirmando esse direito das mulheres francesas.
5. O movimento #MeToo na França (2017)
O movimento global #MeToo, que ganhou força em 2017 com as denúncias de assédio sexual em Hollywood, teve uma repercussão significativa na França sob o nome #BalanceTonPorc (denuncie seu porco). Esse movimento incentivou milhares de mulheres francesas a denunciarem publicamente casos de assédio e violência sexual, desafiando uma cultura de silêncio e impunidade.
O impacto do #BalanceTonPorc foi profundo, gerando debates intensos sobre consentimento, assédio no local de trabalho e desigualdade de gênero na sociedade francesa. Além de levar à queda de figuras públicas e políticas, o movimento também abriu caminho para novas legislações que fortalecem a proteção das vítimas de assédio sexual.
A cantora belga Angèle até lançou um hit que faz referência a esse movimento. A música tem um ritmo pop contagiante e uma letra em francês com muita ironia e crítica social. O clipe também é muito interessante, com cenas de diálogo. Vale muito a pena assistir:
Dessa forma, percebemos que o movimento feminista na França tem uma longa e rica história de luta e conquistas. Desde as primeiras demandas por igualdade na Revolução Francesa até as campanhas contemporâneas como o #MeToo, as mulheres francesas continuam a desafiar as normas sociais e a lutar por uma sociedade mais justa.
Agora que você conhece mais sobre o movimento feminista na França, continue aprofundando seu conhecimento na cultura francesa e conheça também 10 mulheres marcantes para a História da França.
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