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Você já cometeu muitos erros bobos em francês? Já se sentiu cansado(a) de esquecer regras básicas na hora de falar? Já passou vergonha com os deslizes em francês e perdeu a motivação? Eu, Roberta, já passei por tudo isso.

Hoje, eu sou fluente em francês, mas até chegar lá, eu errei muito, muito mesmo. E errei até com coisas bobas, mesmo depois de estar num nível de francês mais avançado. E sim, isso é muito frustrante.

Para evitar que isso aconteça com você, nós fizemos esse artigo com os erros mais comuns que os brasileiros cometem. Assim, você vai ficar ligado(a), evitar esses erros “bobos” e falar francês cada dia melhor! Mas não esqueça: errar faz parte do processo!

Não se envergonhe, não se desmotive, nem se diminua. Aprender a falar bem uma língua estrangeira é fruto de treino e aperfeiçoamento e, portanto, só acerta no futuro quem erra agora!

C’est parti ? Allons-y !

1. Mon nom/mon prénom

Apesar de todo estudante de francês aprender a diferença entre “NOM” e “PRÉNOM”, muita gente comete esse erro!

Relembrando:

  • Nom (de famille) = sobrenome
  • Prénom = nome

Assim, repita várias vezes em voz alta para você mesmo(a) e escreva num caderno: “Mon prénom est (seu nome)”; “mon nom est (seu sobrenome)”.

Com a repetição, a diferença entre nom e prénom vai se naturalizar na sua cabeça, grudar na sua memória e você nunca mais vai cometer esse erro.

2. Esquecer de colocar o sujeito na frase

Diferentemente do português, no francês o sujeito da frase NUNCA será omitido. Esse erro é cometido constantemente porque, em português, muitas vezes não colocamos o sujeito na frase. Veja nesses exemplos:

  1. “Fui ao mercado”: poderíamos dizer “Eu fui ao mercado”, mas tiramos o “eu” sem problemas e todo mundo entende o que foi dito;
  2. “Na França, come-se pouco” ou “Falaram de você na reunião”: aqui, o sujeito em português é indeterminado e faz referência a uma generalidade (e não a algo ou alguém específico), por isso não o explicitamos.
  3. “Está chovendo”: aqui, o sujeito é inexistente no português, pois, obviamente, nem eu, nem você, nem ninguém chove, não é? Simplesmente chove.
  4. “Há pombos demais em Paris” ou “Há dois meses não vejo minha irmã”: nas frases com o verbo HAVER no sentido de “existir”, o sujeito também é inexistente em português.
  5. Também usamos “É longe?” quando poderíamos dizer “O mercado é longe?”, “A loja é longe?” ou “Isso é longe?”;

Entretanto, em francês, isso não existe. Em qualquer frase que seja, em francês, o sujeito SEMPRE está presente na frase.

Assim, as frases acima seriam escritas em francês dessa forma:

   1. “Fui ao mercado” = JE suis allée au marché.

Observe que o “JE” deve sempre aparecer na frase, ainda que o verbo être conjugado na primeira pessoa (“SUIS”) indique claramente que estamos falando de mim (JE).

   2. “Na França, come-se pouco” = En France, on mange peu.

“Falaram de você na reunião” = On a parlé de vous à la réunion.

Para sujeitos indeterminados no português, usamos sempre o ON, com o verbo na 3ª pessoa do singular (como IL, ELLE). Lembre-se: o ON é usado para generalidades e, portanto, para situações em que não determinamos quem exatamente é o sujeito da ação.

   3. “Está chovendo” = Il pleut.

A tradução dessa frase em francês, palavra por palavra, para português é: Ele chove. Observe que quando o verbo é impessoal, quer dizer, quando o verbo faz sentido por si só e não se relaciona de forma lógica com qualquer sujeito que seja, a gente usa o IL. Mas, o IL, nesses casos, não significa absolutamente nada. Não significa “ele”. Ele serve simplesmente para não deixar a frase sem sujeito!

Dica: em francês, muitos verbos são sempre impessoais, como os que estão relacionados à meteorologia:

  • Pleuvoir (chover) – Está chovendo = Il pleut;
  • Neiger (nevar) – Está nevando = Il neige;
  • Geler (congelar) – Está congelando = Il gèle;
  • Faire froid (fazer frio) – Está fazendo frio = Il fait froid;
  • Faire chaud (fazer calor) – Está fazendo calor = Il fait chaud;
  • Faire beau (“fazer bonito”, que quer dizer “fazer um dia bonito) – Está fazendo um dia bonito, um lindo dia = Il fait beau.

Alguns verbos, apesar de não serem sempre impessoais, podem ser impessoais em alguns casos:

  • Falloir (precisar) = É preciso compreender a lógica do francês. – Il faut comprendre la logique du français.
  • Sembler (parecer) = Parece que a reunião acabará cedo. – Il semble que la réunion finira tôt.
  • Arriver (acontecer) = Às vezes acontece que um brasileiro aprenda rápido essas regras. – Parfois il arrive qu’un brésilien apprenne vite ces règles.
  • Être important (ser importante) – É importante ter um plano de ação para aprender o francês. – Il est important d’avoir un plan d’action pour apprendre le français.
  • Être nécessaire (ser necessário) – É necessário chegar cedo. = Il est nécessaire d’arriver tôt.

    4. “Há pombos demais em Paris” = Il y a trop de pigeons à Paris

    “Há dois meses não vejo minha irmã” = Il y a deux mois que je ne vois pas ma soeur.

Nesse caso, quando usamos em português o verbo “haver” em português no sentido de “existir” (“há”), em francês usamos “il y a”. Para aprender a usar da forma certa IL Y A, veja o item 7, no final deste artigo.

         5. “É longe?” = C’est loin ?

Vamos desmanchar essa frase para entender melhor?

“C’EST” = CE + EST.
CE – Isto, isso
EST = é
LOIN= longe.

Assim, fala-se “C’EST”, pois o CE (isso), sujeito da frase, faz referência ao que já conhecemos pelo contexto da conversa (e de que já falamos antes) e, portanto, ao que queremos saber que está longe de onde estamos (nesse caso, o mercado).

Outros exemplos: uma pessoa está comendo um bolo de chocolate e você pergunta: “c’est bon ? (é bom?).

Nunca esqueça: sempre fale “c’est” e nunca somente “est”!

3.Pourquoi / parce que

Boa notícia: Esse deslize é muito fácil de resolver! Basta você saber que:

  • “Pourquoi” é usado para perguntas
  • “Parce que” é usado para respostas

Assim, o pourquoi é equivalente aos nossos “porquês” separados:

  • Por que você está triste? – Pourquoi tu es triste ?
  • Você está triste por quê? – Tu es triste pourquoi ?

Já o “parce que” é o nosso “porque” junto:

  • Je suis triste parce que je ne peux pas aller à la plage aujourd’hui. – Eu estou triste porque eu não posso ir à praia hoje.

Facinho, não é?

Com um pouco de prática, você vai conseguir automatizar!

4. Beaucoup / trop / très

Com certeza você já ficou na dúvida entre essas três palavrinhas, mas isso vai ser resolvido agora mesmo.

Beaucoup

O “beaucoup” é usado para dar intensidade aos verbos. Veja esses exemplos:

  • Je travaille beaucoup. – Eu trabalho muito (ou “Eu trabalho bastante”).
  • Elle parle beaucoup. – Ela fala muito/bastante.
  • Nous sortons beaucoup le soir. – Nós saímos muito à noite.

Beaucoup de

Já a expressão “beaucoup de” é usada antes de um nome, para indicar quantidade.

Ela é equivalente a “muitos/muitas” em português:

  • J’ai beaucoup d’amis. – Eu tenho muitos (de) amigos.
  • Il a beaucoup de travail. – Ele tem muito (de) trabalho.
  • En France, il y a beaucoup de châteaux. – Na França, há muitos (de) castelos.

Très

É usado para intensificar adjetivos, ou seja, qualidades, características ou defeitos de algo ou alguém.

  • Il est très gentil. – Ele é muito gentil.
  • Je suis très fatiguée. – Eu estou muito cansada.
  • Attention, le café est très chaud. – Atenção, o café está muito quente.

Trop

Os brasileiros confundem o tempo todo “très” e “trop”!

E para acabar de uma vez com a confusão entre très e trop, pense que TROP é sinônimo de “excessivement”.

Ele equivale a “demais”, “demasiado” ou “excessivamente” em português, com uma conotação geralmente negativa.

Veja a diferença entre essas duas frases:

  • Le café est très chaud. – O café está muito quente. Quer dizer, sopre um pouco e preste atenção para não se queimar.
  • Le café est trop chaud. – O café está demasiado quente. Quer dizer, está impossível de bebê-lo agora sem se queimar.

Mas, no dia-a-dia, os franceses tendem a usar “trop” como sinônimo de très.

E isso porque em certas situações o “trop” fica mais expressivo, assim como em português usamos “demais” para enfatizar ou exagerar um pouco em alguns contextos.

  • Ce bébé est trop beau ! – Esse bebê é lindo demais !

Isso não quer dizer que a beleza do bebê seja excessiva e incomode as pessoas, mas que ele é tão lindo que dizer simplesmente que ele é “muito bonito” (très beau) seria pouco.

Entendeu?

Ah, e o que é legal e deixa o uso dessas palavras bem mais fácil é que elas nunca mudam em gênero (feminino/masculino) ou número (singular/plural)! Ou seja, elas são sempre invariáveis. 

Leia também: Beaucoup, Très e Trop: qual é a diferença em francês

5. À cause de / grâce à / en raison de

Nós não conhecemos um brasileiro sequer que não tenha confundido essas três expressões! E olhe esse engano pode causar mal entendidos que você nem imagina. Por isso, fique atento(a):

  • “À cause de” indica a causa NEGATIVA de uma ação.

Exemplo: Je suis encore à Paris à cause des intempéries. – Eu ainda estou em Paris por causa das tempestades.

Quer dizer, eu não gostaria de estar em Paris, mas fui obrigada a ficar aqui por causa das fortes chuvas.

Depois de falar essa frase, um parisiense poderia perguntar: “você não gosta de Paris? Achei que fosse ficar feliz por ter mais um tempo na cidade”.

  • “Grâce à” indica a causa POSITIVA de uma ação.

Exemplo: Je suis encore à Paris grâce aux intempéries. – Eu ainda estou em Paris graças às tempestades.

Quer dizer, eu queria ficar mais tempo em Paris, mas não podia. Entretanto, graças ao mau tempo, meu voo foi cancelado e fiquei mais tempo em Paris como gostaria!

Ao ouvir essa frase, um parisiense certamente ficaria feliz e poderia comentar algo como: “que bom que você gosta de Paris e está feliz em ficar mais tempo por aqui!”.

  • “En raison de” indica a causa NEUTRA de uma ação, sem especificar se ela é positiva ou negativa.

Exemplo: Je suis encore à Paris en raison des intempéries. – Eu estou ainda em Paris em razão das tempestades.

Aqui, eu simplesmente afirmo a causa da minha estadia prolongada em Paris, sem indicar se eu achei bom ou ruim passar mais tempo na cidade.

O parisiense, nesse caso, poderia perguntar: “e então? O que você vai fazer? Está chateado(a)? Está feliz?”.

Por isso, muito cuidado ao usar essas expressões. Elas podem mudar totalmente o sentido do que você quer dizer e até causar confusões!

6. Fazer a negação incompleta: esquecer o “PAS”

É verdade que a negação em francês soa estranho e pode parecer redundante: como assim os franceses precisam de duas palavras (“NE… PAS”) para entender que uma frase é negativa?

Pois é, por mais esquisito que seja, nunca se esqueça de usar o “PAS” na sua negação:

  • Je N’aime PAS ce restaurant. – Eu NÃO gosto desse restaurante.
  • Il N’a PAS de voiture. – Ele NÃO tem carro.
  • En France, le juge NE condamne PAS sans sentence. – Na França, o juiz NÃO condena sem sentença.

Só que o contrário pode funcionar…

Informalmente, no francês do dia a dia, os franceses não falam o “NE”.

Assim, você vai ouvir com frequência:

  • J’aime pas ce restaurant.
  • Il a pas de voiture.

Mas não esqueça que na língua falada, coloquial, isso é aceitável, mas na escrita e no francês formal, a negação é sempre NE+PAS, ok?

7. Il y a/depuis/ça fait

Esse último erro da lista talvez seja o mais repetido por brasileiros! Para que você saiba usá-las do jeito certo, aqui vai uma explicação rápida e eficaz:

  • “Il y a” indica uma ação que começou e terminou no passado, sem ligação com o presente.

Exemplo: J’ai habité en France il y a cinq ans. – Eu morei na França há cinco anos (ou seja, eu não moro mais na França).

  • “Depuis” indica uma ação que começou no passado e continua até o presente.

O “depuis” pode indicar a data precisa em que a ação começou. 

Exemplo: J’habite en France depuis avril. – Eu moro na França desde abril (ou seja, eu ainda moro na França desde o primeiro semestre).

“Depuis” pode, também, indicar simplesmente a duração da ação, contada do passado até o momento atual.

Exemplo: J’habite en France depuis deux mois. – Eu moro na França há dois meses.

Nesse caso, você pode começar a frase com “Il y a … que” ou “Ça fait … que” para substituir o “depuis”, quando este indica a duração da ação.

Com base no exemplo acima, essas três frases aqui têm exatamente o mesmo sentido:

  • J’habite en France depuis deux mois. – Eu moro na França há dois meses.
  • Ça fait deux mois que j’habite en France. – (Isso) Faz dois meses que eu moro na França.
  • Il y a deux mois que j’habite en France – Há dois meses (que) eu moro na França

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    3 Respostas a "Erros de francês que todo brasileiro comete (e como corrigi-los)"

    • Marina

      E qual a diferença entre car e parce que?

      • afrancesados

        Nenhuma diferença. Pode usar os dois 😉

    • HELIZAMA

      TENHO UMA DUVIDA OU SEJA APRENDI AQUI NO MEU PAIS, NA ESCOLA QUE «VERBO PRECISAR » SE DIZ «BESOIN» E AGORA? ESTAO CERTOS OU ERRADO?

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